O que pensariam vocês se ouvissem um agente da PSP a solicitar ao sub-comissário, autorização para transportar um cadáver encontrado num carro, no reboque da polícia? Que era doido, não? Pois isto não é ficção. Assisti eu! E pior não foi a pergunta.... grave é que a autorização tenha sido dada!
Numa bela quinta-feira à hora de almoço, quando participava numa sardinhada ao ar livre, deparei-me com uma movimentação estranha do carro do INEM, que parou mesmo junto ao parque de merendas e acabou por partir o vidro de um carro. A minha mesa deve ter sido a única que não ficou vazia. Pensámos: se o INEM chegou, já não precisamos de "ajudar". E lá prosseguimos nós com as sardinhas assadas até que, meia-hora depois começámos a estranhar o "atraso" da ambulância.
Decidi ver o que se passava e a descoberta não foi agradável: um cadáver tinha sido encontrado dentro de um carro.
Saltando pormenores, que para a história não interessam, assisti a algo que julguei impensável: o tal pedido do agente da PSP, alegando que "estava muita gente no local" (isto depois de terem deixado que crianças se aproximassem do carro, sem nada fazerem). A autorização veio e, se não fosse o bom-senso e profissionalismo do outro agente, teríamos assistido a uma cena digna de um filme macabro: um corpo transportado até à morgue, dentro do carro e rebocado pela viatura da PSP. Os elementos da funerária puseram ponto final na situação, dizendo que não tinha lógica.
Como se não bastasse este "atropelo à lei" o corpo foi levantado sem a presença do delegado de saúde ou do ministério público, o que NÃO PODE acontecer. Questionei o "tal" agente que, aos berros, me respondeu: "A PJ esteve aqui e não há indícios de crime"!!! AHHHHHHHHHH Santa Ignorância!!
O que diria o meu professor de Medicina Legal (Prof Pinto da Costa, uma das maiores autoridades nestes assuntos) se soubesse desta história? E vocês?